O Instituto Casagrande propõe às escolas e sistemas de ensino alguns modelos de implantação de ensino híbrido-remoto para esse momento de Pandemia. É importante destacar que os modelos aqui propostos não englobam todos os modelos possíveis de educação híbrida ou remota, e sim os modelos mais utilizados pelas escolas e sistemas nesse momento de pandemia. O ensino híbrido é a combinação de atividades e interações presenciais e atividades não presenciais, normalmente com o uso de tecnologias digitais. No modelo híbrido, a ideia é que educadores e estudantes possam ensinar e aprender em tempos e locais variados. O ensino remoto faz uso somente do ensino totalmente a distância, podendo ou não fazer uso das tecnologias digitais. No ensino remoto não há momentos presenciais.
Na sequência são apresentados alguns modelos de ensino remoto e de ensino híbrido. Cada modelo tem suas vantagens e desvantagens, bem como complexidades e dificuldades de implantação. Cada escola deve analisar sua infraestrutura física, sua infraestrutura tecnológica, recursos disponíveis pelos professores e alunos para escolher o modelo mais adequado e que atenda ao processo de aprendizagem dos alunos, tanto em qualidade quanto em abrangência de alunos. A escola ou sistema de ensino pode utilizar um modelo único ou combinar mais de um modelo de ensino híbrido-remoto na sua proposta pedagógica.
- Modelo Remoto Elementar: Esse modelo é totalmente remoto, onde não há encontros presenciais com alunos e nem se faz necessário o uso de tecnologias digitais. Nesse modelo a escola repassa atividades impressas periódicas aos alunos (avisando aos pais ou responsáveis em dias programados) que deverão realizar seus estudos e desenvolver atividades a serem entregues. Os pais dos alunos, ao retirar o material de estudo de seus filhos, entregam as atividades de aulas anteriores.
Prós:
- Facilidade de implementação
- Atingimento de alunos mais carentes que não tenham tecnologias digitais
Contras:
- Baixo engajamento dos alunos
- Pouca/nenhuma interação com os professores
- Modelo Remoto Síncrono: Esse modelo também é totalmente remoto, onde se faz uso de tecnologias digitais. O professor ministra as aulas ao vivo normalmente como faria em sala de aula, neste caso se faz uso de uma plataforma de transmissão de vídeos ao vivo. É o modelo que mais vem sendo utilizado no ensino superior.
Prós:
- Facilidade de implementação
- Alta interação com os alunos, o que aumenta o engajamento
Contras:
- Requer conexão boa de internet para todos os integrantes
- Cansativo pelo tempo de atividades online
- Modelo Remoto Assíncrono: Esse modelo também é totalmente remoto, onde se faz uso de tecnologias digitais. O professor estrutura um material de estudo para os alunos (videoaulas próprias ou de terceiros, textos, etc.) e disponibiliza em algum ambiente virtual de aprendizagem. O aluno realiza os estudos nos dias e horários que melhor lhe convém. É o modelo mais utilizado nos cursos superiores em EAD.
Prós:
- Auxilia na rotina da família, tendo em vista que se pode programar a hora de estudo do aluno
- Normalmente se tem material melhor elaborado.
Contras:
- Baixa interatividade por parte dos alunos
- Tempo maior, via de regra, de preparação do material por parte do professor
- Modelo Remoto Síncrono-Assíncrono: Esse modelo também é totalmente remoto e combina aulas e atividades síncronas e assíncronas. Parte do conteúdo pode ser trabalhado sincronicamente (ao vivo) e parte de forma assíncrona. Outra possibilidade é se trabalhar os conteúdos totalmente de forma assíncrona e utilizar os momentos síncronos para interação entre alunos, tira-dúvidas e discussão dos temas apresentados assincronicamente. De certa forma, este modelo traz características da sala de aula invertida.
Prós:
- Alta interação com os alunos, o que aumenta o engajamento
- Auxilia na rotina da família, tendo em vista que se pode programar a hora de estudo do aluno
Contras:
- Tempo maior, via de regra, de preparação do material por parte do professor
- Modelo Híbrido Síncrono: Esse modelo combina atividades presenciais com não presenciais. Nesse modelo, a escola subdivide as turmas em subgrupos, de acordo com a capacidade das salas de aula. Em cada dia (ou dias) um dos subgrupos de alunos tem aulas presenciais e os demais subgrupos ficam em casa. Os professores ministram as aulas na escola com os alunos que estão presencialmente e a mesma aula é transmitida simultaneamente, em alguma plataforma dedicada a isso, para os alunos que estão em casa, ou seja, todos os alunos assistem à mesma aula, sendo que nos próximos dias esses subgrupos se alteram. A escola pode estruturar alguma forma de retorno em tempo real dos alunos que estão em casa (whatsapp, etc) de forma a permitir a interatividade. Nesse modelo o professor não repete a aula na mesma turma.
Prós:
- Facilidade de implementação logística (não considerando as TICs)
- Alta interação com os alunos, o que aumenta o engajamento
Contras:
- Infraestrutura tecnológica nas escolas.
- Requer conexão boa de internet
- Cansativo para os alunos que estão em casa, pelo tempo de atividades online
- Modelo Híbrido Assíncrono: Esse modelo também combina atividades presenciais com não presenciais. Esse modelo é muito similar ao Modelo Híbrido Síncrono, porém as aulas, ao invés de serem transmitidas ao vivo, são gravadas e passíveis de serem editadas. Ficam disponibilizadas em alguma plataforma dedicada a esse fim e mesmo os alunos que assistiram as aulas presenciais poderão rever as aulas gravadas.
Prós:
- Facilidade de implementação logística (não considerando as TICs)
- Auxilia na rotina da família, tendo em vista que os alunos que estão em casa podem programar a hora de estudo.
Contras:
- Infraestrutura tecnológica das escolas.
- Cansativo para os alunos que estão em casa, pela duração da videoaula gerada.
- Modelo Híbrido Síncrono Replicado: Esse modelo também combina atividades presenciais com não presenciais e se faz necessária a criação de subgrupos de alunos. Nesse modelo o professor separa parte dos conteúdos para ser trabalhado presencialmente e parte para ser trabalhada de forma assíncrona, remotamente. A proporção do que é trabalhada presencialmente depende essencialmente da quantidade de subgrupos. Neste modelo, o professor ministra parte dos conteúdos em sala de aula ao vivo (presencial) para um subgrupo de alunos e outra parte de conteúdos de forma remota, podendo ou não utilizar as tecnologias digitais. Esse processo rotaciona todos os subgrupos de alunos, em que o professor replica a mesma aula presencial para cada subgrupo. As atividades não presenciais poderão ser vídeos, textos, exercícios, avaliações. Essas atividades poderão ser encaminhadas para os alunos em modelo offline (textos impressos ou material em pendrive) ou disponibilizados em plataforma para acesso via internet.
Prós:
- Facilidade de implementação
- Não requer infraestrutura tecnológica nas escolas
Contras:
- Prejudica alunos que não conseguem ir presencialmente às escolas.
- Tempo maior, via de regra, de preparação do material por parte do professor.
- Modelo Híbrido de Suporte: Nesse modelo o professor conduz o processo de ensino e aprendizagem em um dos três modelos remotos apresentados anteriormente e a parte presencial é destinada apenas para atividades extracurriculares, apoio pedagógico, avaliação da aprendizagem ou atividades de reforço ou recuperação de conteúdo.
Prós:
- Facilidade de implementação, dependendo do modelo adotado pela escola
- Não requer infraestrutura tecnológica nas escolas
Contras:
- Prejudica alunos que não conseguem ir presencialmente às escolas.
- Modelo Híbrido Segmentado: Nesse modelo o professor ministra aulas remotamente de forma síncrona ou assíncrona, com o uso de tecnologias digitais, para um grupo de alunos que mais se adaptam ao modelo remoto e que dispõe de recursos tecnológicos, e aulas presenciais para o grupo de alunos que não se adapta ao modelo remoto ou que não dispõe de tecnologias digitais para acompanhar as aulas remotas dos professores. Para ambos os grupos, parte dos conteúdos devem ser trabalhados remotamente sem a intervenção direta do professor em função da demanda de carga horária do professor para atender aos dois grupos
Prós:
- Facilidade de implementação, dependendo do modelo adotado pela escola
- Não requer infraestrutura tecnológica nas escolas
Contras:
- Problema na criação dos subgrupos, pois terão métodos diferentes de ensino.
Renato Casagrande é educador, fundador e presidente do Instituto Casagrande e da Alleanza Educacional. É conferencista, palestrante e consultor em Educação e Gestão. Referência nacional na formação de professores, gestores e na geração de resultados para instituições educacionais (públicas e privadas).
Ronaldo Casagrande é Sócio e Diretor Executivo do Instituto Casagrande e da Alleanza Educacional. Pesquisador engajado no estudo das tendências e tecnologias educacionais, especialmente no que consiste à inteligência artificial autor do livro “Inteligência Artificial e a Educação Além da Curva”.